A inteligência artificial na manutenção de pequenas hidrelétricas

Por Daniel Faller (*)

As usinas hidrelétricas desempenham um papel fundamental na matriz brasileira, sendo responsáveis ​​por uma parcela significativa da geração de eletricidade de forma limpa e renovável. Entretanto, a operação eficiente e segura dessas usinas é um desafio constante e exige a implementação de tecnologias avançadas, como os sistemas de inteligência artificial (IA).

Um dos principais benefícios da IA ​​na manutenção de usinas hidrelétricas é a capacidade de análise de uma grande quantidade de dados para subsidiar a predição de manutenção. Através da análise de dados em tempo real, coletada por sensores instalados em máquinas e equipamentos, a IA pode identificar padrões e prever falhas antes que elas ocorram. Por exemplo, técnicas de aprendizado de máquina analisam temperaturas, vibrações e outras variações operacionais para detectar anomalias, permitindo que as equipes de manutenção intervenham antes que um problema se torne crítico. Isso não apenas reduz o tempo de inatividade, mas também gera uma economia significativa de custos.

Além disso, a implantação de sistemas de IA também possibilita o monitoramento em tempo real do desempenho das usinas, integrando dados de diversos componentes, como turbinas, geradores e sistemas associados, para fornecer uma visão abrangente do funcionamento da usina e de sua eficiência operacional. Essa abordagem ajuda os operadores a tomar decisões mais informadas e rápidas, aumentando a eficiência do sistema como um todo. Com a implementação de sistemas de controle inteligentes, é possível visualizar imediatamente o desempenho e o estado da planta, facilitando a identificação de riscos potenciais.

A associação de ferramentas de IA na operação e manutenção pode contribuir significativamente para a melhoria da eficiência energética. Com algoritmos avançados, é possível otimizar o fluxo de água durante a operação, garantindo que a geração de energia seja maximizada com o menor desperdício. Os sistemas de inteligência artificial podem ajustar dinamicamente a operação das turbinas conforme as variações de preço de energia e as condições climáticas, utilizando as lições aprendidas com a análise de dados históricos e condições em tempo real.

Apesar dos benefícios, a implementação da IA ​​nas usinas hidrelétricas não está isenta de desafios. A necessidade de investimentos em tecnologia, a formação de pessoal qualificado e a integração de sistemas antigos com novas soluções são algumas das barreiras a serem superadas. Contudo, à medida que a tecnologia avança e os custos diminuem, espera-se que a adoção desses sistemas passe a ser mais recorrente em nosso parque gerador.

O fato é que a inteligência artificial está se consolidando como uma ferramenta indispensável em todos os segmentos e não é diferente na manutenção e operação de pequenas e grandes usinas hidrelétricas. Ao possibilitar uma melhoria na manutenção preditiva, o monitoramento em tempo real e a maximização da eficiência energética, pode-se buscar a redução dos custos e riscos operacionais e, também, promover a sustentabilidade ambiental com uma melhoria no uso dos recursos já aproveitados. O futuro da geração de energia hidrelétrica pode ser amplamente transformado pela incorporação de tecnologias inteligentes, alinhando-se com as necessidades energéticas globais e os desafios climáticos.

(*) Diretor da Hydrofall