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Artigo- O potencial das PCHs na produção de hidrogênio verde




Luiz Piauhylino Filho (*)


Marcelo Dischinger (**)


Julien Dias (***)



No Brasil, o desafio enfrentado pelas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) reside na inviabilidade econômica, impulsionada pelo atual cenário de baixos preços da energia, crescentes custos de implementação e elevadas taxas de juros. Ademais, a pressão ambientalista contra projetos hídricos adiciona um componente desafiador a esse contexto. Contudo, é imperativo reconhecer que muitos desses empreendimentos contribuem ativamente para a preservação ambiental, gerando empregos e promovendo o equilíbrio dos ecossistemas fluviais.


As PCHs se destacam como uma fonte de energia limpa, confiável e sustentável, capaz de operar tanto nos horários de picos quanto em vales de demanda, o que a diferencia de outras fontes intermitentes. Além disso, sua característica única de integrar os insumos essenciais para a produção de hidrogênio verde, ou seja, água e eletricidade permite uma geração contínua de hidrogênio, ininterruptamente, 24 horas por dia.


Outra questão que pode ampliar a capacidade de geração das PCHs é a hibridização destas usinas, usando a lâmina d’água dos reservatórios para instalação da solução solar flutuante, cuja tecnologia está consolidada principalmente na Europa e na Ásia e vem ganhado força no Brasil,


Nesta configuração, a infraestrutura de operação e transmissão do empreendimento é compartilhada racionalizando os custos, aproveitando a complementaridade de fontes de geração e a ociosidade existente na infraestrutura de transmissão instalada.


Exemplificando, pode-se priorizar a geração solar ao longo do dia e armazenar água para geração hidrelétrica à noite. Desta forma aumenta-se o uso e a rentabilidade dos ativos e diminui-se o custo de expansão da oferta de energia.


A Aneel regulou essa condição por meio da Resolução Normativa 954/2021, pavimentando o caminho para os investimentos nessa modalidade de geração.


Com este potencial energético, conseguimos um custo nivelado de energia capaz de garantir alta competitividade para produção de hidrogênio verde.


Ao explorarmos o potencial do hidrogênio verde, avançamos em direção a uma transição energética mais limpa e independente dos combustíveis fósseis. Além de sua aplicação direta como fonte de energia, o hidrogênio verde pode ser transformado em adubo, atendendo à demanda das vastas áreas agrícolas frequentemente na mesma região das PCHs.


Para tornar essa tecnologia uma realidade em escala comercial, é crucial o apoio governo federal, estaduais as associações representativas desse setor. Adicionalmente, é essencial disponibilizar linhas de financiamento de longo prazo, competitivas e acessíveis, uma vez que as atuais taxas de juros representam um entrave aos projetos de infraestrutura e remover as barreiras ambientais.


Outra estratégia promissora reside na promoção de novos leilões, abrangendo não apenas energia, mas também o hidrogênio verde destinado à exportação. Tal iniciativa não apenas impulsionaria a produção energética, mas também catalisaria o crescimento da indústria nacional, solidificando o Brasil como líder nesse campo e permitindo uma posição de destaque na indústria do hidrogênio.


Resgatar o potencial das Pequenas Centrais Hidrelétricas vai além de uma mera fonte de energia, tornando-se uma alavanca para o desenvolvimento sustentável. A combinação de incentivos para pesquisa e desenvolvimento, taxas de juros competitivas e leilões estruturantes é o alicerce essencial para alcançar esse objetivo ambicioso.


(*) Investidor em empresas de energias renováveis e hidrogênio verde no Brasil e em Portugal. Pioneiro no Brasil em projetos de geração solar flutuante.

(**) Diretor da H2 Verde, empresa especializada na estruturação financeira e desenvolvimento de plantas de produção de hidrogênio sustentável, em escala industrial.

(***) Diretor da Economizenergia.

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