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Engenharia brasileira da catarinense Hacker cruza fronteiras para revitalizar usina histórica nos EUA

  • Foto do escritor: Milton Wells
    Milton Wells
  • há 4 dias
  • 4 min de leitura

Atualizado: há 3 dias


UHE de Sault Sainte Marie


Uma empresa brasileira de engenharia, a Hacker Industrial Ltda., de Xanxerê (SC),   demonstrou sua expertise em um projeto de modernização da icônica UHE de Sault Sainte Marie,  localizada no estado de Michigan , no Centro-Oeste os EUA.


Em operação ininterrupta desde 1902, a unidade de 36 MW, com 486 kW, por turbina, exigia a criação de um novo perfil hidráulico a partir de equipamentos antigos, o que foi realizado no período de cinco meses, desde o início do transporte até a instalação final dos rotores. A usina conta com 74 unidades geradoras do modelo Francis Camelback.


Segundo Alcemir Hacker, diretor da empresa, a  aproximação entre a Hacker e a usina americana ocorreu por meio da Wenckus Energy, agente da empresa brasileira no estado da Pensilvânia. Esse contato direto dispensou o processo de licitação e pavimentou o caminho para as negociações, culminando na escolha da Hacker como fornecedora.


Segundo o empresário, o domínio da empresa em hidráulica e sua comprovada habilidade em recriar rotores com mais de um século de existência foram os fatores cruciais para a decisão da usina.

A distância geográfica impôs desafios iniciais na comunicação e no entendimento das necessidades da usina. No entanto, segundo Alcemir, a experiência da Hacker com a cultura americana facilitou significativamente o diálogo, e somente a logística das inspeções presenciais foi o principal obstáculo a ser superado.

 

Confiança

Para conquistar a confiança da usina, a Hacker apresentou um portfólio robusto de projetos de modernização realizados no Brasil, demonstrando sua capacidade de revitalizar usinas antigas e debilitadas, recriando perfis hidráulicos do zero, que atestaram a sua expertise técnica, relatou.

“Dada a sua complexidade, o projeto exigiu o uso de tecnologias avançadas, o que determinou  à Hacker o uso de equipamentos de escaneamento 3D para mapear com precisão as geometrias dos rotores antigos. Os dados coletados foram inicialmente processados em softwares da ANSYS e, posteriormente, refinados no SOLIDWORKS para o desenvolvimento dos projetos de construção”, explicou Alcemir.


Já a  escolha do material para os novos rotores, o aço carbono, foi uma decisão técnica do cliente, para maior  facilidade de manutenção por solda, explicou o empresário. “A usina opera sem grades na tomada de água, expondo os equipamentos à entrada de galhos, vegetação e blocos de gelo durante o degelo e o aço carbono permite reparos rápidos e frequentes, adequando-se às condições severas de operação”.


Rotor


Desafios

Durante os trabalhos, um desafio inesperado surgiu na determinação precisa dos diâmetros e círculos de furação para o acoplamento ao eixo existente, devido à ausência de desenhos técnicos. A equipe da Hacker superou esse obstáculo combinando o escaneamento 3D com a produção de gabaritos físicos, garantindo a perfeita compatibilidade com a estrutura original da usina, relatou o diretor.


Em relação à questão da compatibilidade e a eficiência dos novos rotores com o sistema da usina, Alcemir informou que  foram realizados ensaios computadorizados e simulações no ANSYS, comparados com o banco de dados de modelos reduzidos testados pela Hacker. Esses testes permitiram avaliar potência, torque, eficiência, pressão nas pás e resistência mecânica, garantindo a integração perfeita com o sistema existente.



A qualidade e a precisão dos novos rotores foram garantidas pela rigorosa aplicação do manual de qualidade da Hacker, seguindo normas internas e internacionais. Mesmo com as exigências especiais de embalagem para exportação, o controle de qualidade manteve o padrão utilizado em todos os projetos da empresa, enfatizou o empresário..


Transporte

Já o transporte dos rotores do Brasil até Michigan foi cuidadosamente planejado e executado pela equipe de logística em conjunto com a engenharia da Hacker, acrescentou." O principal desafio logístico foi a necessidade de desenvolver embalagens especiais para garantir a segurança durante o transporte internacional".


Para proteger a integridade dos rotores, foram criados containers individuais com resistência a impactos e umidade. As madeiras utilizadas no embalamento passaram por tratamento conforme normas internacionais, prevenindo a contaminação cruzada e atendendo às exigências alfandegárias.

“O processo de exportação e importação transcorreu sem dificuldades burocráticas, graças à parceria da Hacker com especialistas no Brasil, que agilizaram os trâmites aduaneiros, garantindo conformidade legal e eficiência logística”.


Marco na história da empresa

Para Hacker,  esse projeto representa um marco significativo, dada a complexidade técnica envolvida e a exigência do mercado americano . "A importância histórica da usina de Sault Sainte Marie para os Estados Unidos eleva a reputação internacional da empresa brasileira, diz Alcemir. “ "Ser responsável pela modernização de equipamentos de uma usina com mais de um século de contribuição para o avanço energético americano posiciona a Hacker como referência em inovação no setor”, sustenta.



Alcemir Hacker




Sobre os próximos passos da empresa em relação a projetos de modernização de UHEs, Alcemir afirma que a empresa mantém sua atuação ativa no mercado norte-americano, realizando estudos em diversas usinas com condições semelhantes à de Sault Sainte Marie. “ A própria usina possui outras 73 unidades que passarão por modernizações nos próximos 15 anos, representando um potencial significativo de continuidade para a empresa brasileira”.

No Brasil, a Hacker também demonstra forte presença na modernização do parque hidrelétrico, que apresenta sinais de defasagem. A área de modernizações continua em crescimento acelerado dentro da empresa, com demanda crescente e projetos em andamento tanto em território nacional quanto internacionalmente. “Isso tudo  solidifica nossa  posição  com player relevante no setor energético global”, conclui o empresário.

 

 


 
 
 

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