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Luz amarela? O que as condições de mercado nos dizem sobre as PCHs



PCH Kotzian

Ainda sem a confirmação de leilões para este ano e, mesmo diante do cenário de baixa demanda, o setor de centrais hidrelétricas continua com pedidos de licenciamento junto aos órgãos ambientais dos estados . O Instituto do Meio Ambiente (IMA), de Santa Catarina, por exemplo, é um dos mais ativos. Somente em 2022 foram emitidas 109 novas Licenças para CGH, 14 para PCH e uma para UHE, totalizando 550,6 MW.

Neste ano, o movimento de pedidos de licenças não arrefeceu, tendo sido computados neste primeiro trimestre a emissão de seis novas licenças ambientais de PCHs e nove de CGH, totalizando 76,55 MW de energia. Isso significa que o volume de estoque de projetos tende a aumentar, mesmo que uma pequena parcela tenha alguma viabilidade tarifária diante do cenário atual, adverte Daniel Faller, diretor da Hydrofall, de Rio do Sul. Muito dessa demanda, segundo Faller, advém da expectativa de um reconhecimento dos diferenciais da fonte hídrica, especialmente quando se avalia o investimento no longo prazo. Cristiano Tessaro, da Camerge , de Florianópolis (SC), especializada em gestão de energia, lembra que avanço acelerado da GD acabou retirado demanda das distribuidoras, provocando um desequilíbrio no mercado com prejuízos para as PCHs. Enquanto permanecer esse quadro, segundo ele, o setor de PCHs deverá continuar estagnado, visto que a opção pelo mercado livre, que seria uma das alternativas, dado aos elevados custos de produção é inviável.

Redução brutal “Acredito que o mercado de PCHs no Brasil vai passar por uma redução brutal de investimentos, até que haja uma sinalização de demanda de leilões que hoje não existe”, acrescenta. “ Daqui para frente, o setor deve trabalhar apenas com os projetos já fechados. O fato é que acendeu a luz amarela e se não for feito nada para alterar esse quadro, a luz vermelha vem em seguida”. Para Nelson Dornelas, da Estelar Engenharia, de Florianópolis (SC), claramente a GD desvirtuou em seu conceito, que seria para atender o consumidor médio dispor de sua própria usina . “Na verdade, estão construindo usinas e comercializando de forma disfarçada, e isso está retirando o mercado tanto das geradoras quanto das distribuidoras. Hoje não tem demanda porque esta está sendo absorvida pela GD”. A regulamentação da GD, observa Dornelas, criou esse hiato e está prejudicando tanto as distribuidores quanto aos geradores. “Aparentemente estaria beneficiando os consumidores, mas isso terá reflexo depois, porque em médio prazo as usinas que perderam a demanda não irão suportar e o preço deverá subir”.

Caminhos A solução para esse desequilíbrio na oferta leva a dois caminhos, indica . “Regular a GD também para as PCHs, no mesmo modo de concorrência, ou abrir totalmente o mercado livre o que teria um benefício mútuo para o consumidor. Assim, esses consumidores que hoje compram energia na GD com 15% de desconto, ganharão a opção de 20% a 30% de desconto”. Dornelas argumenta ainda que para o consumidor primeiro devem ser ofertadas opções mais econômicas. Regra esta que acabou desvirtuada pela GD. “Abrindo mercado livre, o preço desse mercado irá subir porque haverá mais e vai cair no da GD ,que terá preços mais competitivos, das PCHs, o que é melhor para o consumidor”. Evidência O empresário Ricardo Pigatto vê o quadro de maneira diferente, “A parte positiva é que as obviedades do equivoco da GD sem planejamento estão cada dia vai evidentes. Imagino que o poder concedente já percebeu e vai mudar isso com a precificação correta das fontes, onde as PCH são mais econômicas, o que deve ser reconhecido pelo mercado livre” .


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