top of page
  • revistahydrobrasil

Nova“ Abrage tenta conter subvenção a fontes intermitentes e resgatar investimentos em UHEs


Marisete Fátima Dadald Pereira



A nova presidente da Abrage (Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica), Marisete Fátima Dadald Pereira, aponta seus principais desafios para o mandato de dois anos iniciado em novembro de 2023: reposicionar as hidrelétricas no sistema elétrico e defender  o fim dos subsídios das fontes incentivadas.

  “As hidrelétricas fazem parte de uma riqueza inexplorável que o país não pode abrir mão”, diz Marisete em entrevista à HYDROBRASIL.  “O Brasil é um exemplo para o mundo de diversidade de recursos energéticos e muito disso se deve às hidrelétricas que garantiram toda a expansão das fontes eólica e solar. Nessa linha, pretendemos mostrar à sociedade e aos entes de poder a importância em reconhecer esses recursos para a segurança do sistema”.

Em sua visão, existe uma inadequação desses incentivos em relação às diferentes fontes do sistema.  “Em 2002, quando esses subsídios foram instituídos para incentivar as fontes renováveis, havia uma justificativa de inserção de novas tecnologias”, afirma. “Ocorre que esses incentivos acabaram contribuindo para subtrair a participação das UHEs na matriz elétrica nacional para 41%, quando há dez anos era de 63%. Assim,  é preciso que seja extinta a manutenção desses subsídios os quais  têm  prejudicado a competitividade da fonte hídrica”.

Subsídios

 A presidente da Abrage nota ainda que os  subsídios às fontes intermitentes,  provocam uma  oferta artificial de preço dessas mesmas fontes  que  resultam em uma gestão não realista do sistema. “O resultado disso é de que os investimentos em UHEs acabaram esmorecendo, com claros riscos para o sistema como um todo”.

Nos próximos dez anos, segundo a presidente da Abrage, o sistema deverá demandar cerca de R$ 500 bilhões de investimentos em geração, transmissão e distribuição. Por isso, o setor precisa estar regulamentado de modo a garantir esses investimentos. “Os subsídios  representam um componente que traz uma contaminação em relação à competitividade das fontes”, acrescenta.

 Outro desafio da associação, conforme Marisete,  é a remuneração dos serviços das UHES. Os serviços prestados pelas hidrelétricas ainda não são amplamente reconhecidos, nem adequadamente remunerados, pondera a executiva.  “Assim, há necessidade de melhor compreender e de difundir os possíveis recursos de flexibilidade que as hidrelétricas podem oferecer à medida que ocorrem esses avanços das intermitentes”.

Vertimento

Outra questão premente para as UHES, segundo Marisete, é o vertimento de água nas UHEs, quando a demanda não comporta todos os recursos. “Muitas vezes as UHE estão botando fora os recursos que poderiam ser direcionados para exportação de energia para países vizinhos. Então, em vez de botar água fora porque há excesso de geração, o setor hidrelétrico poderia exportar energia para países vizinhos”, defende a presidente da Abrage.

Sobre a demonização das hidrelétricas preconizada por ambientalistas e ONGs ambientais, Marisete afirma que com a evolução das fontes intermitentes, passou-se a enxergar a importância das UHEs para segurança do sistema.  “O sistema precisa de garantias firmes e isso depende de hidrelétricas ou termelétricas que são energias fósseis. Por isso, vejo que   naturalmente as hidrelétricas deverão se inserir no sistema até pela característica da atual matriz elétrica”.

Leilão de Reserva de Capacidde

Sobre o Leilão de Reserva de Capacidade programado agosto próximo, a presidente da Abrage afirma que a medida reflete um compromisso com a segurança energética do país e modicidade tarifária, alinhada às discussões sobre desenvolvimento sustentável e transição energética.

“Ao expandir as possibilidades de contratação para além das termelétricas como foi no primeiro leilão dessa natureza realizado em 2021, almeja-se agora não apenas a garantia de um fornecimento estável de energia elétrica, mas também a expansão dos serviços de geração de energia por meio de fonte limpa e  renovável’, acrescenta.

A inclusão dessas usinas na proposta, de acordo com Marisete,  oferece um vasto potencial de aumento de capacidade instalada. “Há estimativa de potencial de cerca de 7GW para ampliação da potência de Usinas Hidrelétricas por meio da motorização de poços vazios e de até 11GW para ampliação por meio de repotenciação e modernização de equipamentos e instalações. Estamos diante de uma oportunidade única de fomentar o desenvolvimento econômico e sustentável, alinhando-se às exigências do presente sem comprometer as gerações futuras”, sustenta.

Marisete Fátima Dadald Pereira foi eleita no dia 6 de novembro de 2023, na 68ª Assembleia Geral Extraordinária da Abrage  para presidir a associação nos próximos dois anos. Ela tem mais de 35 anos de experiência no setor elétrico brasileiro, tendo atuado como gerente do Departamento Econômico-Financeiro da Eletrosul Centrais Elétricas por 18 anos.

 

 

bottom of page